LANÇAMENTO | KATIA MARCHESE LANÇA NA CASA DAS ROSAS O LIVRO BILÍNGUE DE POEMAS HERBÁRIO DA MEMÓRIA / HERBAIO DE LA MEMORIA

Da Redação - editorias.obilhetedanoticia@gmail.com

A poeta Katia Marchese, autora dos livros Por favor, diga meu nome (2019) e Mulheres de Hopper (2021), lança no dia 24 de fevereiro, sábado, 14h, na Casa das Rosas, em São Paulo, sua nova obra, o bilíngue Herbário da memória / Herbario de la memoria, uma seleção de 16 poemas em português traduzidos para o espanhol que, segundo a autora, é uma "coleção de melancolias de tudo aquilo que irá nos faltar". Nesta obra, Katia funde corpo humano e natureza vegetal, explorando as parecenças e encontros dessas duas experiências de vida. O livro também terá um evento de lançamento na cidade de Santos, em março.

O herbário reúne espécies que vão sofrendo o apagamento progressivo que submete flores, folhas e outros elementos vegetais – o que também aproxima a obra de Katia de um aspecto ecológico ao evocar essas imagens e as urgências de mantê-las vivas. Um dos poemas, Profecia, é inclusive oriundo de um diálogo da autora com o líder indígena e ambientalista Ailton Krenak, e traz como prefácio a frase "quando você sentir que o céu está ficando muito baixo, é só empurrá-lo para cima", de autoria de Ailton.

"A obra percorre as relações físicas e suas semelhanças entre os corpos vegetais e humanos até as relações com a memória, esta matéria que nos inscreve a vida por dentro e que talvez seja o único caminho para o não esquecimento de que somos natureza", descreve a autora. O Herbário da Memória guarda assim, como os herbários botânicos, os  corpos das palavras que acordadas pela leitura dos olhos são capazes de sensibilizar e recriar nossa frágil e deteriorada relação com a natureza. O livro é semelhante a um herbário botânico, guardando a imagem das palavras que esperam serem acordadas pela voz do leitor. "Essa foi a experiência do herbário: encontrar o mapa do corpo da natureza, sua nervura, sua pele nas relações de afecção com os corpos vegetais. Pele e floema mapas para percorrer nossas naturezas", continua Katia.

As metáforas florais ou vegetais (clorofila, buganvílias, tulipas, cebolas, davallias, sarças, chapéu de sol) são uma forma atual e propositiva de entender o mundo, uma espécie de ética contemporânea, traduzida em versos e em registro literário que convida o leitor a participar desse movimento. "O herbário traz as naturezas que estão morrendo em nós - nos nossos corpos e nos corpos vegetais", complementa a autora.

A poesia da autora comporta imagens ricas e contraditórias. Em Clorofila, o trabalho de produção e distribuição do alimento pelo espécime vegetal é comparado à circulação sanguínea. É assim que se combinam imagens inesperadas como a da seiva, do sol e do sangue, que bombeado demasiadamente ao coração, ameaça explodi-lo.

Sobre a escolha de escrever um livro em português e espanhol, a autora diz querer com isso trazer na sua forma um exercício de tradução consigo mesma, resgatando uma memória ibérica, já que seu avô materno é galego e, ainda que tenha morrido quando Katia tinha seis meses, suas recordações foram repassadas à ela por meio de sua mãe. "Uma das partes do livro evoca justamente essa fusão do corpo com o passado, de fazer partes da nossa existência reviverem pela memória e também olhar a relação das próprias plantas com a ancestralidade", conta a escritora, reforçando que esse herbário de memórias busca as conexões que temos com as plantas e o que elas têm a ver conosco.

O projeto gráfico do livro, de autoria de Sílvia Nastari, utiliza uma sobrecapa com impressão de flores e folhas secas, um herbário visual que acompanha as duas dimensões poéticas do livro: a memória sentimental, permeada de subjetividade, e a passagem do tempo cronológico e imemorial, afetado pelos elementos naturais e seus impactos materiais e afetivos.

Sinopse

Herbário da memória, novo livro de Katia Marchese. Em edição bilingue, esta coleção de poemas se relaciona com espécies vegetais que são, a um só tempo, um mostruário de folhas e flores, um catálogo de emoções e um recenseamento de memórias. São versos sobre a percepção dos corpos em fricção, sobre registros familiares, sobre afetos persistentes, a crise ambiental e a intersecção entre subjetividade, observação, florescimento e outros ritmos vegetais. Alguns poemas carregam a melancolia da falta e da devastação da natureza, apontam para um futuro imprevisível e um iminente desastre. Nas palavras visionárias da poeta, este herbário é uma “coleção de melancolias de tudo aquilo que irá nos faltar”.

Sobre a autora

Katia Marchese nasceu em Santos, em 1962. É poeta e mediadora de coletivos literários de mulheres. Mestranda na Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado de São Paulo – UNIFESP, ingresso 2024; Formação na Escola de Escritores do CLIPE - Casa das Rosas - Museu Haroldo de Campos de Poesia e Literatura SP 2019-2020. Prêmio PROAC Poesia de 2019 contemplado no Edital do Governo do Estado de São Paulo.  Consta nas antologias Tanto Mar sem Céu - Laboratório de Criação Poética (Lumme, 2017), Poesia em Tempos de Barbárie - org. Claudio Daniel (Lumme, 2019), Hiltinianas vol.1 (Patuá, 2019) 80 balas, 80 poemas (Zunai versão digital 2020), Coleção “Cartas em torno da Sobrevivência da A Poesia Sobrevive” (Literatura - Sesc Campinas  2020), Antologia Casa Gueto (Patuá-FLIP 2022 e 2023).

Participação em revistas Literárias: Germina, Musa Rara, Portal Vermelho, Revista Vício Velho, Zunái, Ruído Manifesto e Jornal Tornado – Portugal, Jornal o Rascunho de Literatura, Revista Gueto de Literatura e Arte, Revista Mirada da Janela - Cultura e Arte Revista Mirada da Janela Cultura e Arte, Laudelinas literatura feminina, Revista Urro Contragolpe Cultural. Publicações: Plaquete “Por favor, diga meu nome” (produção gráfica Uva Costriuba) 2019; Livro Mulheres de Hopper, editora Patuá 2021; Livro Herbário da Memória – Herbario de la Memoria, edição bilingue, editora Quelônio 2023 . Mora em Campinas. Redes sociais: Instagram @katiamarchesepoesia

Três poemas do livro:

Herbário

A caricatura

no silêncio da memória

guarda a flor,

acolhe a cor e

o fantasma.

 
O tempo, a prensa

designam um só nome e

todas serão exsicatas.

 
Uma coleção de melancolias

de tudo aquilo que irá nos faltar.

 
O que debaixo arde

O céu se estende sobre o telhado.

Tão azul, tão calmo

Paul Verlaine

 
Os gritos pela casa,

as ameaças de abandono

e enquanto tudo ensandece,

desenha no chão

de cacos vermelhos

a rosa dos ventos.

E toda tarde espera papai voltar.

 
Mil impiedades por dia

Sob um céu

implacável,

o azul desolava os rostos.

Ninguém plantou

as flores da morte

naqueles corpos de agosto.

 
Mais Informações:

Lançamento de Herbário da memória / Herbario de la memoria
São Paulo
Casa das Rosas (Av. Paulista, 37 - Bela Vista, São Paulo - SP, 01311-000)
24 de fevereiro, sábado, 14h
Herbário da memória \ Herbario de la memoria
Editora Quelônio
R$49,60
Autora: Katia Marchese
Posfácio: Mickhael O. Simões
Capa e projeto gráfico: Sílvia Nastari
Gênero: poesia
Acabamento: canoa, costura aparente, sobrecapa com tipografia
ISBN: 978-65-87790-65-7
Formato: 13 x 20 cm
Páginas: 60

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