VIOLÃO, PALAVRA E MEMÓRIA: MUSEU JUDAICO DE SP RECEBE PROJETO DE ARTHUR NESTROVSKI

Da Redação - editorias.obilhetedanoticia@gmail.com

A partir de 6 de junho, o Museu Judaico de São Paulo apresenta pela primeira vez o “Canção Violão”, projeto que propõe um mergulho de Arthur Nestrovski no universo da canção brasileira. Com os convidados João Camarero, Paula Morelenbaum, Ayrton Montarroyos e Celsim, a edição apresenta uma série de quatro "aulas-show" intimistas, com interpretações ao violão e conversas sobre alguns dos mais importantes compositores nacionais.

A curadoria de Arthur Nestrovski para esta experiência partiu da profunda ligação entre a música brasileira e a palavra — elemento central não apenas na canção, mas também na tradição judaica. Com participações especiais de João Camarero, Paula Morelenbaum, Ayrton Montarroyos e Celsim, a série propõe uma escuta refinada e reflexiva sobre o repertório de nomes fundamentais como Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Baden Powell e Lupicínio Rodrigues.

Os espetáculos são divididos em quatro temas: Vinicius sem Palavras, que destaca a melodia da MPB em versões instrumentais; Jobim Canção,  que revisita a obra de Tom Jobim com Morelenbaum; Duende explora a força rítmica de Baden Powell, com Montarroyos na voz; e A Hora do Lobo - Lupicínio e outros trágicos celebra a obra de Lupicínio Rodrigues e outros grandes nomes como Cartola, Nelson Cavaquinho, Batatinha e dupla Tom Jobim-Vinicius de Moraes, com clássicos que exploram o mais profundo e sombrio samba e que ganham novas interpretações com a voz de Celsim.

Segundo Arthur Nestrovski, “cantar, tocar e ouvir canções são glórias da experiência brasileira. Para mim, pessoalmente, será um privilégio apresentar seleções desse repertório na companhia de João Camarero, Paula Morelenbaum, Ayrton Montarroyos e Celsim. Tanto mais no MUJ, um museu que tem como marca o diálogo com a cultura e a história do país. E com o rosto da minha bisavó flutuando na cúpula da antiga sinagoga, entre dezenas de outros antepassados que vieram fazer a vida no Brasil.”

O diretor executivo do Museu Judaico, Felipe Arruda, ressalta:  “As magistrais aulas-shows de Arthur Nestrovski, ao revisitar o repertório de alguns dos maiores compositores da canção brasileira, encontram intimamente as vocações do Museu Judaico de São Paulo: de lugar de memória, aprendizagem e encantamento pela palavra, de celebração pela música, além, claro, de apresentar expressões de artistas judeus atuantes em nosso país.”

Os ingressos são gratuitos e devem ser reservados individualmente pelo site para cada aula-show.  A entrada não será permitida após o início do espetáculo.

Programação:

6/6 (sexta-feira), 20h - Vinicius Sem Palavras

Arthur Nestrovski e João Camarero, violões

As palavras são uma glória do nosso cancioneiro. A tal ponto que, em muitos casos, chegam a obscurecer a música. Reunindo tanto peças solo como duos de violão, em arranjos inéditos, o repertório deste show recolhe um acervo de canções “reveladas”, reviradas de dentro para fora, por assim dizer, em versões instrumentais. As palavras, agora, ficam só na memória de quem ouve – amparada por conversas sobre o contexto e sentido dessas obras-primas, de compositores como Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Garoto, Tom Jobim, Baden Powell, Chico Buarque e Edu Lobo. 

Em Vinicius Sem Palavras, o grande poeta da música popular brasileira serve de curador musical, definindo o repertório com o instinto certeiro de quem foi parceiro de todos os nomes citados acima, entre outros – sem falar nas próprias composições, com alguns clássicos do nosso cancioneiro, como “Valsa de Eurídice” e “Serenata do Adeus”.    

7/6 (sábado), 18h - Jobim Canção

Paula Morelenbaum, voz

Arthur Nestrovski, violão

Traçando um arco de cinco décadas, Jobim Canção reúne um acervo mínimo – 10 canções –, mais representativo da carreira do compositor Antônio Carlos Jobim (1927-94). Elas formam também a base do repertório deste show, que abre espaço, no entanto, para outras maravilhas, como “Águas de março” e “Boto”.

Dos anos 1960, vêm “Wave” (letra e música de Tom Jobim) e uma das primeiras parcerias de Tom com Chico Buarque, “Pois É”, aqui novamente com a letra original de Chico – alterada, não se sabe por que, nem por quem, na famosa gravação do disco Elis e Tom e, de lá para cá, por todo mundo. 

A canção ecológica “Passarim” (1987) defende uma causa da qual Tom Jobim foi pioneiro. E o irresistível samba “Piano na Mangueira” (1991), de Tom e Chico, estava no último disco lançado em vida pelo “maestro soberano”. 

Algumas dessas músicas, Paula Morelenbaum já tinha gravado com Tom, quando integrava a Nova Banda. Mas nenhuma em sua própria discografia. Ganham identidade nova nesse ambiente violonístico, flutuando um pouco acima do chão. Trinta anos depois de sua morte, podemos aqui honrar a arte brasileira de Jobim; honrar, também, depois dele e com ele, a vida brasileira que nos cabe.

14/6 (sábado), 18h - Duende – A Música de Baden Powell

Ayrton Montarroyos, voz

Arthur Nestrovski e João Camarero, violões

Neste espetáculo, são trazidos desde afro-sambas clássicos, como “Berimbau” e “Consolação”, até versões instrumentais de “Violão Vadio” e “Astronauta”, passando por memoráveis parcerias com Paulo César Pinheiro, como “Última Forma” e “Lapinha”, e também algumas peças de outros autores, como o samba-canção “Molambo”, de Jayme Florence, o Meira, que foi professor de violão de Baden, e “Samba do Avião”, de Tom Jobim, cuja introdução foi criada por Baden, de improviso. 

Isso tudo na voz de Ayrton Montarroyos, um dos nomes de maior destaque da nossa nova geração, e nos violões de Arthur Nestrovski e João Camarero – Camarero que acaba de lançar o EP Baden (Borandá, 2025), recriando cinco composições para violão solo. Era Vinicius quem falava de Baden como “duende da floresta afro-brasileira de sons”. Neste espetáculo, teremos ocasião para descobrir ou redescobrir o universo do duende, um dos maiores nomes da música popular brasileira, em novos arranjos inéditos.

15/6 (domingo), 17h - A Hora do Lobo – Lupicínio e outros trágicos

Celsim, voz

Arthur Nestrovski e João Camarero, violões 

“Lupicínio é nosso Shakespeare”, dizia Zé Celso Martinez Corrêa. Cinquenta anos depois de sua morte, a obra de Lupicínio (1914-74) está consagrada em gravações e regravações, e na memória de todos nós. Canções como “Nervos de Aço”, “Volta” e “Nunca” são exemplos supremos do “outro lado” do samba: a música trágica, o repertório lunar, que contrabalança as alegrias e a festa. Canções da hora do lobo: entre a noite e a madrugada, quando vêm as maiores angústias e os piores pesadelos. 

Neste espetáculo, lado a lado com uma dezena de clássicos do compositor gaúcho, vamos ouvir também obras-primas de autores como Cartola, Nelson Cavaquinho, Batatinha e mesmo a dupla Tom Jobim-Vinicius de Moraes, com um esquecido samba-canção pré-bossa nova. Há espaço ainda para cancionistas mais novos, como Paulinho da Viola e Zé Miguel Wisnik. Tudo isso no predestinado metal da voz de Celsim, acompanhada por dois dos maiores violonistas brasileiros, João Camarero e Arthur Nestrovski.

Sobre os artistas 

Arthur Nestrovski é violonista e compositor. Lançou os CDs solo Jobim Violão, Chico Violão (Biscoito Fino), Violão Violão (Circus) e Jobim Violão, com Paula Morelenbaum (Biscoito Fino), entre outros. Foi diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), 2010-22; e diretor artístico do Festival de Inverno de Campos do Jordão, 2012-22. Autor de Tudo Tem a Ver – Literatura e Música (Todavia), entre outros títulos, e vários premiados livros de literatura infantil.

João Camarero é violonista e compositor. Lançou os discos solo João Camarero (Acari), Vento Brando e Gentil Assombro (GuitarCoop) e o EP Baden (Borandá). Como músico, arranjador e diretor musical, colabora com grandes nomes como Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Mônica Salmaso e Ney Matogrosso, entre outros. Camarero é assessor artístico para projetos especiais no Theatro Municipal de São Paulo e graduando em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas.

Paula Morelenbaum participou durante dez anos da Nova Banda de Antônio Carlos Jobim, gravando e se apresentando ao redor do mundo. Depois disso, com o trio Morelenbaum2/ Sakamoto, já na década de 2000, também conquistou reconhecimento internacional. De lá para cá, gravou 8 álbuns, entre eles Paula e Donato – Água, com João Donato, e mais recentemente (2024), Jobim Canção, com Arthur Nestrovski. Também participou de discos com Caetano Veloso, Goro Ito e Nick Nightfly, entre outros. 

Ayrton Montarroyos tornou-se conhecido como vice-campeão do The Voice Brasil, da TV Globo, com apenas 20 anos de idade, em 2015. De lá para cá, lançou três discos, fora vários projetos digitais e participações em trabalhos de Lulu Santos, Monica Salmaso, Ney Matogrosso, Ângela Maria e Alaíde Costa, entre outros; e parcerias com artistas como Edu Lobo e Nelson Ayres. No último ano, apresentou-se ao redor do país com o show A Lira do Povo e teve duas interpretações escolhidas para a trilha da novela No Rancho Fundo (Globo).

Celsim é cantora, compositora e produtora musical. Lançou 8 CDs de música popular, sendo os mais recentes Divina Dádiva-Dívida / Elizeth Cardoso, com o violonista João Camarero (Circus) e O Herói das Estrelas & A Anja Astronauta canções de Jorge Mautner e Nelson Jacobina para crianças de todas as idades, (SescSP). Também escreve, dirige e edita filmes; e integra o Teatro Oficina desde 1994. Fez a direção artística do álbum A Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares (Circus), Grammy Latino 2015-16/ Melhor Álbum de Música Brasileira.

Sobre o Museu Judaico de São Paulo (MUJ) 

O Museu Judaico de São Paulo cultiva e apresenta a diversidade das expressões da cultura judaica em diálogo com o contexto brasileiro e com o contemporâneo, dedicando à defesa dos direitos humanos e ao combate ao antissemitismo e a todas as formas de preconceito. Fruto de uma mobilização da sociedade civil, o MUJ foi inaugurado em 2021 como o maior museu judaico da América Latina e guardião do maior acervo judaico brasileiro. Além de quatro andares expositivos, com exposições permanentes e temporárias, o museu realiza festivais literários, concertos musicais, seminários, debates, publicações, oficinas e um amplo programa educativo, sempre entrelaçando perspectivas judaicas e não judaicas. Os visitantes também têm acesso a uma biblioteca com mais de mil livros para consulta e a um café que serve comidas judaicas. 

Para os projetos de 2025, o MUJ conta com o patrocínio da B3, a bolsa do Brasil, do Banco Safra e com o apoio do Itaú Unibanco, Dexco, Porto, Ticket Edenred, Vicunha Holdings, Leo Madeiras, Klabin, Banco Daycoval, Grupo Comolatti, Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto Advogados, BMA Advogados, Pinheiro Neto, Iochpe-Maxion, Leal Equipamentos de Proteção, CSN, Agro Química Maringá e Verde Asset Management.

Mais Informações: 

Canção Violão

Museu Judaico de São Paulo 

Rua Martinho Prado, 128 – São Paulo – SP

Ingressos: museujudaicosp.org.br/programacao/

Entrada gratuita

Classificação indicativa: Livre 

Acesso para pessoas com mobilidade reduzida

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