O AUTO DO FIM DO TEMPO CRIA UMA PARÁBOLA DOS DIAS ATUAIS AO IMAGINAR COMO SERIA O VELHO TESTAMENTO ESCRITO NOS ANOS 2020

Da Redação - editorias.obilhetedanoticia@gmail.com - @noticias.emcartaz

Com O Auto do Fim do Tempo, o Manás Laboratório de Dramaturgia quer mostrar o esgotamento da vida nos dias de hoje. A dramaturga Fernanda Zancopé partiu da ideia de imaginar como seria o Velho Testamento escrito nos anos 2020 – quais histórias estariam lá? – inspirada por uma leitura de Leandro Karnal que defende esse texto milenar como obra artística e mítica, capaz de registrar um modo de vida. A direção do trabalho é de Dante Passarelli e a temporada de vinte apresentações acontece entre os dias 1º de setembro e 4 de novembro, às segundas e terças, às 21h, na sede do Manás (Rua Treze de Maio, 222, Bixiga, São Paulo, SP).

Com essa ideia em mente e com observações do cotidiano, Zancopé escreveu 12 histórias sobre culpa, guerra, poder, fome e julgamento. “São relatos de situações ordinárias, tanto na esfera privada quanto na pública. Elas também tratam de relações interpessoais e dilemas econômicos”, explica. As narrativas são transmitidas ao público por meio de um coro formado por Eduardo Leoni, Fernando Aveiro e a própria Fernanda.

A oralidade e a fisicalidade são centrais na condução do espetáculo. “Utilizamos dispositivos de coralidade físicos, vocais e cênicos para criar uma paisagem urbana que evoca uma procissão, uma tribuna, um show de música, uma peça teatral e outras tantas situações que apresentam um local em guerra que não sabe que está em guerra. É uma experiência sensorial”, explica o diretor Dante Passarelli.

Sobre a encenação

Organizada em quatro grandes movimentos, como em uma sinfonia, a encenação representa a jornada da Heroína, uma menina que testemunhou todos episódios narrados e vai propor uma saída para aquela sociedade violenta. “Ela está tentando se reconectar à terra, ao ancestral”, acrescenta o encenador.

Cada movimento é guiado por um tema. O primeiro trata de culpa e julgamento; o segundo, de trabalho, fome e família; o terceiro é focado nas instituições; e o quarto é dedicado às reflexões da Heroína.

A mudança entre os atos é marcada por três elementos fundamentais: as projeções em vídeo de Vic Von Poser, a luz de Aline Santini e o trabalho corporal do elenco. A diretora de movimento Ana Paula Lopez desenvolveu com o elenco fisicalidades que transitam entre mais fluida ou mais “pesada” e “dura”, a depender das temáticas abordadas.

Com a intenção de aproveitar todo o espaço do teatro de três andares, o cenógrafo Fernando Passetti construiu uma grande torre central rodeada de televisores, sugerindo um espaço industrial e contemporâneo.

Há também a preocupação em evocar temas bíblicos, mas a partir de uma relação com o quadro "Jardim das Delícias", de Hieronymus Bosch. Por isso, para um dos atos, foi montado um chão verde com maçãs. O figurino também reflete essa mescla entre oposições de sagrado e profano, antigo e contemporâneo.

Todos esses elementos são costurados pela trilha sonora de Ale Martins. A música é dinâmica e reforça as emoções vistas em cena.

“Nossa intenção foi utilizar o auto medieval para abordar o fim do mundo como o conhecemos. Tudo se transforma, já nos ensinou a lei da dialética. Deparamo-nos, assim, com o ímpeto de seguir caminhando. E então, faz-se o caminho”, afirma Passarelli.

Sobre o Manás Laboratório de Dramaturgia (mini bio)

O Manás Laboratório de Dramaturgia é um núcleo de pesquisa em escrita cênica autoral criado em 2019, que nasceu entre as aulas do CPT de Antunes Filho, quando Dante Passarelli e Fernanda Zancopé se reuniam para discutir e escrever dramaturgia. O primeiro trabalho foi "Uma Cena de Amor para Francis Bacon", texto de Fernanda, dirigido pela dupla, apresentado entre 2020 e 2021, contemplado pelo ProAC-LAB.

O segundo foi “Por Um Pingo”, texto de Dante, também dirigido pela dupla, que estreou no Centro Cultural São Paulo em 2024, contemplado pelo Premio Zé Renato, indicado ao Prêmio Shell na categoria “Melhor Dramaturgia”. Além das peças teatrais, desde então ambos desenvolveram pesquisas de mestrado na USP e na UNICAMP, respectivamente, buscando sempre expandir o diálogo com a sociedade através de aulas abertas, debates e oficinas de criação. A investigação do Laboratório é voltada para criação de textos dramatúrgicos originais encenados a partir de colaborações artísticas definidas a cada projeto.

A partir de 2025, o grupo tem sua sede própria no Teatro Manás Laboratório, na Rua Treze de Maio no Bixiga.

Sinopse

Sequência de 12 episódios extracotidianos, inspirados por imagens bíblicas, para abordar o tema do esgotamento do mundo como o conhecemos.

FICHA TÉCNICA

Dramaturgia: Fernanda Zancopé

Direção: Dante Passarelli

Elenco: Eduardo Leoni, Fernando Aveiro e Fernanda Zancopé

Cenografia: Fernando Passetti

Desenho de Luz: Aline Santini

Trilha sonora: Ale Martins

Figurino: Rosangela Ribeiro

Visagismo: Leopoldo Pacheco

Videografia: Vic Von Poser

Direção de Movimento: Ana Paula Lopez

Produção: Anayan Moretto

Design gráfico: Renan Suto

Fotografia de divulgação: Jamil Kubruk

Operação de luz: Taiguara Chagas

Realização: Manás Laboratório de Dramaturgia

Mais Informações:

O Auto do Fim do Tempo

Data: 1º de setembro a 4 de novembro, às segundas e terças, às 21h

Local: Teatro Manás Laboratório - Rua Treze de Maio, 222 - Bixiga

Ingresso: R$50 (Inteira) e R$25 (meia-entrada)

Disponíveis no Sympla: https://www.sympla.com.br/produtor/teatromanaslaboratorio

Instagram: @teatromanaslaboratorio

Duração: 75 minutos

Classificação: 14 anos

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