SCENA – SEMANA DA CENA ITALIANA CONTEMPORÊNEA SE EXPANDE PARA O BRASIL EM SUA 5ª EDIÇÃO
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A SCENA – Semana da Cena Italiana Contemporânea nasceu em 2019, com idealização e curadoria de Rachel Brumana e, desde a primeira edição, traz ao Brasil artistas e espetáculos expoentes da cena contemporânea italiana, que representam a mais recente produção artística do país e dialogam com a nossa potente cena local. Realizado pela Associação SÙ de Cultura e Educação, o projeto teve quatro edições na cidade de São Paulo, no formato de mostra com uma semana de duração. Entre 2019 e 2024, a SCENA consolidou-se graças à parceria entre o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo e o Sesc SP.
Em 2025, essa importante ponte entre Itália e Brasil ganha um novo formato: a SCENA se expande para outros territórios do país - o interior paulista, nas cidades de Sorocaba e Taubaté, em parceria com o Sesc SP, e também as regiões Sul e Nordeste, em colaboração com o MIAC - Mostra Internacional de Artes Cênicas, de Porto Alegre, e o Festival Internacional de Máscaras do Cariri, no Ceará. Dois espetáculos significativos da trajetória da Cena retornam ao Brasil: Primeiro Amor (First Love), de Marco D’Agostin, jovem e premiado coreógrafo e dançarino italiano e Curva Cega (Curva Cieca), de Muna Mussie, artista italiana nascida na Eritréia.
Nos dias 25 e 26 de outubro, Primeiro Amor (First Love), de Marco D’Agostin, participa da MIAC - Mostra Internacional de Arte Contemporânea, em Porto Alegre, e em seguida faz apresentações no Sesc Sorocaba, nos dias 29 e 30 de outubro; de 18 a 23 de novembro, a peça Curva Cega (Curva Cieca), de Muna Mussie, se apresenta no Festival de Máscaras do Cariri e depois no Sesc Taubaté nos dias 28 e 29 de novembro.
“Esses trabalhos marcaram a trajetória da SCENA, por sua repercussão, e, por isso, também ganharam novas apresentações em unidades do Sesc fora da capital paulista”, conta a curadora e idealizadora Rachel Brumana.
O novo formato do projeto era um desejo antigo da curadoria de apresentar estes trabalhos em outros Estados e dialogar com novos públicos. “Em um momento em que as relações são cada vez mais virtuais, a SCENA se mostra como uma ocasião potente para troca direta com o público, não só pela universalidade do teatro, mas também pela atualidade do projeto. E, por isso, é muito importante descentralizar a oferta de manifestações culturais italianas, pois há uma procura muito grande em todo o Brasil. Ceará e Rio Grande do Sul, que fazem parte da área de atuação do Instituto de São Paulo, são estados riquíssimos culturalmente; Taubaté e Sorocaba são duas cidades estratégicas e muito interessadas no teatro e na cultura italiana. Estamos muito contentes em poder contribuir com essa itinerância da SCENA pelo país”, coloca Lillo Guarneri, diretor do Instituto Italiano de Cultura.
Conheça os espetáculos
Primeiro Amor (First Love) é a história de um menino dos anos 90 que não gostava de futebol, mas sim de competições de esqui de longa distância – e de dança também, mas como não conhecia nenhum passo, divertia-se imitando os esquiadores, engolido pelo verde perene de uma cidadezinha no norte da Itália.
Cena de Primeiro Amor | Crédito: Alice Brazzit
Aquele garoto cresceu e se tornou bailarino, não esquiador. Mesmo assim, sua atitude competitiva de atleta se manteve nas coreografias. E, para mostrar que aquele seu primeiro amor tinha uma razão de ser, ele reencena a movimentação da campeã italiana Stefania Belmondo na corrida de 15km estilo livre das Olimpíadas de Salt Lake City 2002. Assim, o espetáculo torna-se um grito de vingança, desesperada exultação, dissolução da saudade.
"Esse trabalho esteve presente na primeira edição da SCENA, em 2019. Foi a estreia do Marco D’Agostin, um jovem dançarino apresentando seu primeiro solo, e o interessante é que, nesses seis anos, ele se tornou um dos maiores coreógrafos da Itália, residente no Piccolo Teatro di Milano, a primeira companhia de teatro público permanente da Itália”, comenta Rachel.
Já Curva Cega (Curva Cieca) tem uma proposta bastante diferente. “Muna Mussie é uma artista italiana nascida na Eritreia e isso se reflete no seu trabalho. Quando ela se apresentou na SCENA, se sentiu muito acolhida e estava ansiosa para voltar ao Brasil”, acrescenta.
Sua performance trata da descoberta da sua língua materna, a tigrínia, uma das escritas mais antigas do mundo, por meio da voz de Filmon Yemane, um jovem eritreu que vive atualmente em Bolonha e é cego desde os 12 anos, e com o apoio de imagens de um antigo livro de ortografia.
O corpo da artista se sobrepõe às linhas sinuosas do alfabeto, sugerindo uma mimese dinâmica. A obra é uma ferramenta metaeducativa que cria uma paisagem íntima por meio de um formato didático: uma narração biográfica inspira reflexões filosóficas e sacia a sede da presença: um corpo cumpridor da lei tenta corresponder a uma imagem constantemente evasiva.
Sobre Marco D’Agostin
Marco D’Agostin é vencedor do Prêmio UBU 2018 como Melhor Performer com menos de 35 anos e do Prêmio UBU 2023 de Melhor Espetáculo de Dança (Gli anni / Os Anos). Em 2023, recebeu o 4º Prêmio Especial Riccione pela inovação dramatúrgica e, em 2024, o Prêmio Hystrio Corpo a Corpo. É artista associado do Piccolo Teatro de Milão.
Suas obras investigam o funcionamento da memória, dando vida a dispositivos coreográficos que, a partir de arquivos pessoais ou coletivos, buscam desencadear com o público práticas de participação e identificação. Estudou o entretenimento como forma de uma relação específica entre performer e espectador, considerando suas zonas de sombra e seus fracassos como lugares de revelações luminosas. Sua dança, uma geografia complexa na qual sons, palavras e movimentos colidem continuamente, tende sempre ao envolvimento emocional de quem a realiza e de quem a assiste.
Sobre Muna Mussie
Artista eritreia radicada em Bolonha, investiga as artes performativas e as linguagens cênicas para dar forma à tensão que surge entre diferentes pólos expressivos, através do gesto, da visão e da palavra. Iniciou a sua carreira artística em 1998, como atriz/intérprete nas companhias Teatrino Clandestino e Teatro Valdoca.
De 2001 a 2005, participou ativamente do coletivo de pesquisa Open, projeto que marcou seu desejo de investigar seus próprios modos de estar no palco. Desde 2006, ela concebe, encena e interpreta suas próprias obras. Suas produções recentes, incluindo a instalação e performance Milite Ignoto (Unknown Soldier) (2015), as performances Oasi (Oasis) (2018), Curva (Curve) (2019), Curva Cieca (Blind Curve) (2021) e PF DJ (2021), investigam aparições fantasmagóricas e história menor. Ela desenhou a coleção de roupas FFMM com Flavio Favelli (2007-2009). Entre seus projetos internacionais de teatro estão Monkey See, Monkey Do (Capítulo I-II, 2011-2012). Suas intervenções com objetos incluem Punteggiatura (2018), projeto de costura baseado na prática da costura, e Bologna St. 173 (2021), sua individual nos sites do Arquivo Milano, também apresentada no Savvy Contemporary Berlin, sobre os conceitos de casa, cidadela , fortaleza e liberdade.
Sobre Filmon Yemane
Nascido na Eritreia, vive em Bolonha desde 2008 e é licenciado em Ciências Internacionais e Diplomáticas. Participou também em diversas atividades culturais e projetos artísticos, como um docu-filme com o coletivo ZimmerFrei dentro do projeto Atlas of Transitions.
Fichas Técnicas
SCENA 2025 - Curadoria: Rachel Brumana | Coordenação de produção: Dani Correia | Assistentes de produção: Veni Barbosa e Rafaela Correia | Coordenação técnica: Grazielli Vieira | Identidade Visual: Erico Peretta | Design Gráfico: Renan Marcondes | Assessoria de Imprensa: Canal Aberto | Realização: Instituto Italiano de Cultura de São Paulo e Sesc SP
Primeiro Amor (First Love) - Um projeto de e com Marco D'Agostin som LSKA | Consultoria científica: Stefania Belmondo e Tommaso Custodero | Consultoria dramatúrgica: Chiara Bersani | Luz: Alessio Guerra | Direção técnica: Paolo Tizianel | Promoção: Marco Villari | Organização: Eleonora Cavallo e Damien Modolo | Projeto gráfico/visual: Isabella Ahmadzadeh | Produção: VAN 2018 | Administração: Federica Giuliano | Coprodução: Teatro Stabile di Torino, Teatro Nazionale / Torinodanza festival e Espace Malraux, scène nationale de Chambéry et de la Savoie, dentro do projeto “Corpo Links Cluster”, apoiado pelo Programma di Cooperazione PC INTERREG V A - Italia-Francia (ALCOTRA 2014-2020) em colaboração com Centro Olimpico del Fondo di Pragelato | Projeto realizado na residência artística Lavanderia a Vapore, Centro Regionale per la Danza, inTeatro, Teatro Akropolis | Apoio: ResiDance XL, inTeatro | Com o apoio de: IDRA Teatro e do Ministero degli Affari Esteri e della Cooperazione Internazionale
Curva Cega (Curva Cieca) - Conceito Muna Mussie | Com Muna Mussie e as palavras de Filmon Yemane | Edição de vídeo: Lino Greco | Tradução do texto para o português: Rachel Brumana | Produção: Short Theatre, Zonak, Santarcangelo Festival 2021, SpazioKor, Teatro di Roma | Apoio: Xing
Mais Informações:
Primeiro amor (First love)
Duração: 45 minutos | Classificação: 14 anos
MIAC - Mostra Internacional de Arte Contemporânea
Data: 25 e 26 de outubro, sábado e domingo, às 19h
Local: Galpão Floresta Cultural Rua Conselheiro Travassos 541 Porto Alegre (RS)
Ingresso: R$ 60,00
Sesc Sorocaba
Data: 29 e 30 de outubro, às 20h
Endereço: R. Barão de Piratininga, 555 - Jardim Faculdade, Sorocaba (SP)
Ingresso: R$ 50, R$ 25 e R$ 15
Curva Cega (Curva Cieca)
Duração: 45 minutos | Classificação: 14 anos
Festival Internacional de Máscaras do Cariri
Data*: 20 de novembro, 18h | Centro Cultural do Cariri Servulo Esmeraldo
Endereço: Av. Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, 1 - Gizélia Pinheiro (Batateiras), Crato
*Ainda há uma data e local a definir
Sesc Taubaté
Data: 28 e 29 de novembro, 20h
Endereço: Av. Eng. Milton de Alvarenga Peixoto, 1264 - Esplanada Santa Terezinha, Taubaté (SP)



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